sábado, 19 de setembro de 2020

Passos básicos do método exegético: algumas anotações

Princípios de Interpretação Bíblica
Passos do método exegético

I. A face do texto

1. Delimitação. (Como esse texto está “recortado”? Dá para começar a ler ali? E dá para parar onde paramos? Este passo só não se aplica no caso de um Salmo tomado por inteiro. Afora isso, sempre se tem o que dizer. Mas não é o mesmo que contexto literário, embora esteja relacionado.)

2. Gênero literário. (Observa em especial se é prosa ou poesia. Anota o que mostra que isso é assim. Edições modernas, como NTLH, ajudam. )

3. Vocabulário. (Lista ou apresenta os vocábulos e as expressões que pensas serem complicadas para um guri ou uma guria de 11 ou 12 anos. Talvez não consigas explicar os termos. Deixa estar. Por enquanto, faz a lista. Também seria possível anotar pontos onde tem variantes textuais.)

4. Compara com outra tradução. (Registra o que, porventura (ARA!), chamar a tua atenção. Não será necessário comparar todos os versículos. )

5. Olha o texto como um todo e descreve-o, em poucas palavras. (Vê onde começa e onde termina, tentando entender como se chegou de uma ponta à outra. Olha quantos parágrafos são. Se for uma narrativa ou história, tenta isolar as diferentes cenas. Se for argumentação, como a coisa prossegue?)

II. Os pés do texto

6. Contexto literário. (A que altura desse livro estamos? O que veio antes do texto em estudo? Como ele segue? No caso de um Salmo, do que trata o Salmo anterior? E o que vem depois? Sê breve, ou seja, não resume todo o livro bíblico.)

7. Olha para o contexto cultural e histórico do texto. (O que aparece nesse texto que é típico do mundo bíblico? O que os primeiros leitores conheciam que as pessoas de hoje talvez não conheçam? Qual a geografia do texto, ou seja, onde acontece o que está no texto [se é que isso se aplica]? Tenta ver que informação está implícita no contexto comunicacional. Vimos isto quando falamos sobre a Teoria da Relevância. Em outras palavras, tenta ver o que o escritor bíblico não precisou dizer com todas as letras, porque era conhecimento compartilhado entre ele e os leitores. Em Is 65.4, por exemplo, fica implícito que um israelita não podia comer carne de porco!)

8. Tenta entender o texto no contexto de toda a Bíblia. (Onde mais aparece algo parecido com o que tem no meu texto? Ou seria um ensino que aparece só aqui? Existe alguma referência cruzada – na forma das letras em sobrescrito – na Bíblia de Almeida? E numa Bíblia de estudo? Aqui, até os mais profundos conhecedores da Bíblia se apoiam em recursos como concordâncias, etc.)

III. O pulso do texto

9. O impacto do texto. (Relê o texto, procurando ver a força que tem. O que ele faz com o seu leitor? Deus acusa ou condena? Onde? Deus se mostra gracioso e perdoa ou dá vida? Onde?)

10. Aplica ou contextualiza o texto. (Como esse texto soa hoje? Quem precisa ouvir? Como fala para mim pessoalmente? Que diz à igreja? Que diz ao mundo?) 

Fonte: SCHOLZ, Vilson. Princípios de interpretação bíblica. Canoas: Ed. ULBRA, 2010.

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