Qual é a finalidade do culto? Quais as razões que nos levam a participar do culto? O que vamos buscar no culto?
Para responder isso vamos tomar o exemplo do tronco e do galho. O galho de uma planta, para se manter vivo e saudável, precisa do tronco e de suas raízes. Por si só o galho não pode criar seu próprio sustento, nem produzir frutos. A seiva que dá vida ao galho vem do tronco. Com nós também acontece assim. A seiva vivificadora que precisamos para nos manter espiritualmente vivos e saudáveis vem a nós através da Palavra e dos sacramentos, batismo e Santa Ceia. Eles são os meios da graça de Deus e são o centro do culto. Tanto a Palavra como os Sacramentos visam chamar o pecador ao arrependimento, mostrar o infinito amor de Deus e fortalecer no perdão e amor de Cristo. Participar do culto é aceitar a oferta do amor de Deus por nós.
Ao deixar de freqüentar o culto regularmente começamos a bloquear a seiva vivificadora que Jesus quer fazer fluir dentro de nós. Sem ela não podemos permanecer espiritualmente vivos e fortes. Além disso, quando não vamos ao culto estamos nos separando da acolhedora graça de Deus. Mas não se trata de uma simples participação como um dever cumprido. Trata-se de escutar a Palavra que é de Deus, de confessar a fé em conjunto, juntar-se aos demais irmãos em cântico, louvor, oração, oferta e aceitar o convite à mesa. Por estar firmado na Palavra e sacramentos, o culto é o lugar onde nos fortalecemos na fé e na comunhão. O culto é a manifestação mais visível do perdão de Deus. Culto é o lugar onde o pecador arrependido é acolhido no amor de Deus.
E o que dizer das pessoas, que alegam orar em casa e ler a Bíblia em casa e que por isso não precisam dos cultos? Quem pensa assim está perdendo. Podemos comparar isso à uma pessoa de uma família que não vem se sentar à mesa para fazer as refeições junto com a família. Por que não vem? O que há de errado com ela? Ela está perdendo e a sua saúde ficará debilitada. Ainda que ela esteja se alimentando “por fora”, está perdendo a comunhão da família à mesa. Da mesma forma, quem se ausenta dos cultos, ainda que esteja recebendo o alimento da Palavra “por fora”, está perdendo na comunhão do povo entre si e na comunhão com Deus.
O culto desde o princípio teve o sentido da comunhão. Culto é o momento e o lugar de encontro entre Deus e o seu povo. O objetivo básico do culto é centralizar a nossa vida espiritual em Deus e Deus em nós e nos unir como irmãos na fé. Esta união, no entanto, só é possível porque Deus se dá a nós através da sua Palavra e dos sacramentos.
O culto também não é um programa qualquer. Nele não vamos para adorar e depois voltar para casa como que aliviados de uma dever cumprido. Ele também não quer ser um centro de terapias ou um grupo de auto-ajuda, como se fosse próprio para curar todos os tipos de males. Também não deveríamos ir ao culto apenas para prestigiar o pregador como se o efeito da pregação fosse dele e não de Deus. É Deus quem reúne seu povo e age nele através dos meios da graça e não o ministro.
Por fim lembremos que a ordem de Cristo é “fazei isto em memória de mim”. Podemos então dizer que, acima de tudo, celebramos culto “para lembrar de Cristo” e de sua obra por nós, pois ele o estabeleceu ao instituir aquilo que é próprio do culto: pregação da palavra e administração dos sacramentos. Sempre que o culto estiver firmado em cima de sentimentos humanos, corre o perigo de tirar Cristo do seu lugar.
Pastor David Karnopp
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