sábado, 1 de agosto de 2015

Projeto Tradução da Bíblia para o Pomerano - Do jeito mais simples fica mais fácil...

  Não existe, até agora, uma forma 'oficial' de escrever em pomerano. Muita gente escreve em pomerano do jeito que 'acha' certo ou imagina que seja. Na maioria das vezes os outros não conseguem ler. E, sendo pomerano, existem alguns que pensam que são 'donos' da escrita e gritam aos quatro ventos que existe um jeito certo de escrever em pomerano e que o resto é invenção. Mas, deixa pra lá. 
 No Espírito Santo existe um belo trabalho sendo realizado nas escolas. A escrita, no entanto, é muito 'germanizada', sendo de difícil compreensão e uso para quem não tem noção da língua alemã. Falando nisso, é bom deixar bem claro que pomerano não é alemão e vice-versa. Existe a língua alemã e existe a língua pomerana. 
 Nosso consultor de tradução, Dr. Vilson Scholz, reforça que a tendência das línguas é a simplificação na escrita, por isso a proposta de se escrever em pomerano sem ficar 'amontoando' consoantes e exigindo conhecimento da língua alemã, é plenamente válida. Além disso, existem pesquisas acadêmicas que fundamentam teoricamente o método de escrita usado. Ou seja, não é uma mera invenção. 
 A partir da necessidade de divulgar e ao mesmo tempo preservar a língua pomerana, tendo em vista os milhares de pomeranos, especialmente no sul do rio Grande do Sul e no Espírito Santo, é que a Sociedade Bíblica do Brasil - SBB - resolveu investir numa maneira de tornar a escrita mais popular e com isso manter essa bela língua para as futuras gerações. 
 A proposta de escrita é a chamada transliteração, onde se escreve exatamente conforme o som da cada letra, formando assim as palavras que podem ser lidas até por quem não entende a língua. Eu mesmo já presenciei pessoas lendo o texto em pomerano, sem saber o que estavam lendo, mas que era plenamente compreendido por ouvintes pomeranos.
 O projeto pomerano foi proposto pela SBB e a partir daí foi formada uma equipe de tradução, que é integrada pelas seguintes pessoas: Arnildo Münchow, Milton Vorpagel, Hilbert Wendler e Renato Blank. A equipe tem encontros semanais onde tem a tarefa de estudar o texto bíblico e aplicar o real sentido das palavras em pomerano. Uma primeira etapa está quase no final. O Evangelho de Lucas está traduzido. Agora a SBB irá ver a melhor forma de divulgação do material. Além disso, estamos trabalhando no livro: Minha Biblinha Querida, que são histórias para crianças e foi lançado a algum tempo pela SBB, estando disponível nas livrarias cristãs em língua portuguesa. 
 A experiência até agora foi sem dúvida edificante para cada um de nós, da equipe de tradução. Nos encontros de tradução, geralmente lá na igreja da Santa Augusta, paróquia de Bom Jesus, temos tido momentos bem interessantes, porque nem sempre há consenso sobre a melhor palavra a ser usada. Às vezes a gente traduz um versículo e, na semana seguinte, alguém aparece com uma sugestão que nem havíamos nos dado de conta anteriormente. 
 Traduzir o texto bíblico é uma tarefa delicada, porque não se trata de folclore, versinhos musicais ou coisa assim. É a Palavra de Deus que precisa chegar aos ouvidos e corações da forma correta. Ao longo desses três anos de trabalho tivemos bons retornos, ou seja, muitas pessoas que toparam com a escrita simplificada, gostaram e entenderam a proposta. Outros resmungam, dizendo que a escrita é meio feia, esquisita e coisa e tal. O desafio do trabalho é não se exaltar com os elogios e também não desanimar com as críticas. 
 Por enquanto o Evangelho de Lucas em pomerano ainda não está sendo muito divulgado por aqui. É que a SBB tem o direito sobre a tradução e daí vamos esperar para ver se eles vão publicar ou vão autorizar o uso para livre divulgação nos meio eletrônicos. 
 Sabemos que, se algo de bom acontecer através deste projeto, é obra da misericórdia de Deus, que usa instrumentos para que o recado amoroso da salvação em Cristo chegue a muitos corações.

Pastor Arnildo Münchow
pastor da IELB em Canguçu-RS
Fonte: Leigo Luterano, Informativo Semestral do Distrito de Leigos Sul II, n° 13, agosto de 2015.  

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